Produção conta com cenário gigantesco e três atores preparados para subir ao palco como Elvis Presley
Por Ubiratan Brasil
As cortinas se abrem e o público logo se impressiona com o gigantismo do cenário, uma estrutura com rampas e escadas com 10 metros de altura. Ao centro, um homem diante de um espelho de camarim sofre na solidão. Ouvem-se gritos vindos de fora, batidas cada vez mais fortes na porta. “Elvis, vamos, você está atrasado, o show vai começar, o público está esperando”, diz um homem que depois vai ser reconhecido como Coronel Parker. Dessa forma frenética começa Elvis – A Musical Revolution, superprodução que mostra como Elvis Aaron Presley (1935-1977) mudou a cara da música mundial e deixou sua marca para sempre na memória de diferentes gerações.
Com direção, versão e adaptação de Miguel Falabella e direção musical de Jorge de Godoy, o espetáculo estreia no Teatro Santander, em São Paulo. Trata-se da montagem brasileira a partir do original escrito por Sean Cercone e David Abbinanti, mas com algumas alterações. “No original, a narrativa segue a linha do tempo e vai até o icônico show de TV Comeback Special, de 1968, que marcou o ressurgimento do Elvis”, conta Falabella. “Na nossa versão, preferi acrescentar a fase dele fazendo shows em Las Vegas, algo que fez até próximo do ano em que morreu.”
O encenador também preferiu não manter a ordem cronológica, daí começar exatamente quando Elvis, em 1976, vive momentos de tensão, preso em seu camarim. “É como se ele estivesse próximo da morte e, naquele momento, o filme da sua vida passa pela sua cabeça”, conta Falabella, que se inspirou no quadro Relatividade, do artista holandês M. C. Escher, no qual uma série de escadas se cruzam em um interior semelhante a um labirinto. “É dessa forma que Elvis revisita sua vida. É como se desse um download gigantesco antes de seguir seu caminho final.”
Nesses saltos temporais, o público vai conhecendo detalhes da vida do menino nascido no Mississippi e sua paixão pela música negra interpretada por nomes que se tornariam gigantes, como B.B. King. Com essa potente influência, Elvis logo começa a se destacar em pequenos shows e participações em rádios. Desperta atenção de um enigmático personagem, Coronel Parker, que vai assumir o comando de sua carreira, transformando-o em um astro mundial, mas a um custo pesado, com diversos shows e participações em filmes desinteressantes.
“Foi um homem que se sentiu incompleto durante toda a vida, com a perda do irmão gêmeo, Jesse, que nasceu 35 minutos antes dele, mas natimorto”, comenta Júlio Figueiredo, que comanda a produção ao lado da coreógrafa Bárbara Guerra, sua companheira na vida e na arte. Juntos, dirigem as empresas Atual Produções e Bárbaro! Produções. “Esse musical é nosso maior desafio: conseguimos captar R$ 7 milhões via leis de incentivo, mas o custo total é de R$ 9 milhões. A diferença vai ser coberta pela venda de ingressos”, conta Bárbara.
A ausência do irmão será uma sombra a acompanhar Elvis durante toda a vida. Em contraponto, ele sempre contou com o apoio do pai Vernon e, em especial, da mãe Gladys. Com o sucesso, consegue construir sua mansão, Graceland, além de se casar com Priscilla. O musical mostra também figuras que marcaram sua carreira, como a atriz e cantora Ann-Margret. E, claro, não faltam as canções que se tornaram clássicas em sua voz, como Jailhouse Rock, Hound Dog, Heartbreak Hotel, Love Me Tender e Suspicious Minds, entre outras.
A tecnologia traz vantagens: em Elvis – A Musical Revolution, os atores carregam um pequeno aparelho colocado junto aos microfones sem fio para direcionar com precisão o foco de luz. Já a automação do cenário vai permitir a movimentação das rampas nos momentos cruciais da história.
Tamanha produção conta com um elenco afiado. Para o papel de Elvis, por exemplo, três atores foram destacados. O principal é Leandro Lima que, além do carisma em cena, apresenta facilidade para moldar a voz segundo a necessidade da ação. Elvis Presley é apontado como barítono e também tenor, fruto de um raro equilíbrio – o chamado registo – e de um leque vocal com uma amplitude muito vasta.
Como alternante, desponta Daniel Haidar, que interpretará Elvis em uma sessão semanal durante a temporada, prevista para terminar em 1° de dezembro. Estudioso do personagem, principalmente dos gestos e da evolução vocal, o ator reproduz com perfeição os trejeitos e a voz de barítono grave de Elvis. E, caso nenhum deles esteja apto em alguma sessão, Pedro Silveira, jovem talento do musical brasileiro, estará a postos. E Robson Lima viverá o Elvis quando jovem.
A biografia musical mostra o homem por trás da lenda. Apresenta não apenas o Rei do Rock, o astro, mas o filho, o marido e o caminho que moldou sua trajetória. A narrativa se entrelaça com as perspectivas de figuras cruciais, como seus pais Vernon (Eduardo Semerjian) e Gladys (Fabiana Gugli), o empresário Coronel Parker (Luiz Fernando Guimarães), e aqueles que o amaram e inspiraram, como a atriz Ann-Margret (Andreza Medeiros) e a companheira Priscilla Presley (Caru Truzzi ).
“A trajetória de Elvis confunde-se com o delírio de Las Vegas, cidade que conheceu seu apogeu e decadência. O mito aprisionado em uma gaiola dourada com showgirls, slot machines, escadas e janelas que conduzem e se abrem para os espaços da dramaturgia. Uma viagem alucinante mapeando uma das mais icônicas lendas do rock”, comenta Miguel Falabella.
Serviço
Elvis – A Musical Revolution
Teatro Santander. Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041
Quintas e sextas, 20h. Sábados e domingos, 16h e 20h. R$ 39 / R$ 380
Patrocínio: Zurich Santander, Esfera, Sem Parar e Atlas Schindler com apoio de Santander Brasil, Grupo Qualicorp, Hyundai Financiamentos, Shell e Wiz Co
Até 1° de dezembro