Com quase 18 anos de carreira, sinto de novo (depois de quatro anos de angústia e desalento) o quanto o teatro, em suas infinitas formas, é vivo, potente, gigante
Por Franz Keppler*
Falta apenas um ano pra completar minha maioridade profissional. É. Isso mesmo. Ano que vem comemoro 18 anos de carreira como dramaturgo e roteirista. Durante este tempo, escrevi série, filmes e quase 20 peças, muitas delas encenadas. Vale dizer que algumas delas não vieram da minha cabeça, ou do que vejo andando na rua, do que ouço nas palavras soltas ao vento, de personagens que foram surgindo na minha imaginação. Elas vieram de histórias reais, de personagens históricos, e de outros contemporâneos que dividiram ou dividem suas vidas no mesmo espaço e tempo que muitos de nós.
Tudo começou quando recebi o convite para escrever Camille & Rodin, uma história de amor e arte sobre dois dos mais importantes escultores franceses (por que não dizer “do mundo”). A peça foi encenada por quatro anos por Melissa Vettore e Leopoldo Pacheco e direção de Elias Andreato com enorme sucesso. Vieram também Caravaggio, ainda inédita, Com Amor, Brigitte, um recorte de vida de Brigitte Bardot no Brasil, com direção de Fábio Ock, e Bruna Thedy e André Correa no elenco, Descompasso, em fase de produção e, entre elas, a mais recente Brian ou Brenda?.
A peça, com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradin, estreou em 2019 e segue em cartaz até hoje (de junho a setembro estará realizando o circuito de viagens teatrais do Sesi). E é importante poder falar sobre ela neste espaço porque é baseada num dos casos mais bizarros da psiquiatria, o do jovem David Raimer.
Não vou dar aqui detalhes desta história, a peça está aí pra ser vista, há dezenas de matérias na Internet, até um documentário foi feito. O que vou dizer é o quanto ela é impactante e tem emocionado, tem criado identificações, tem levantado debates, tem feito pessoas reverem suas posições diante de alguns fatos, tem emocionado e levado o espectador a assistir mais de uma vez a mesma história.
É. Com quase 18 anos de carreira, sinto de novo (depois de quatro anos de angústia e desalento) o quanto o teatro, em suas infinitas formas, é vivo, potente, gigante. Transformador. As inúmeras peças, as salas lotadas, o público rindo, se emocionando, chorando, provam isso.
E quem sabe numa dessas plateias eu não encontre alguém cuja história eu possa contar qualquer dia desses?
*Franz Keppler é dramaturgo, jornalista e roteirista