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“Teoria King Kong” promove reflexões sobre a condição feminina

Sinopse

Espetáculo é versão teatral do bestseller homônimo da francesa Virginie Despentes

Por Fabiana Seragusa

Após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, a peça Teoria King Kong trouxe suas reflexões sobre a condição feminina a São Paulo, em temporada que termina neste domingo, dia 17, no Sesc Bom Retiro. A obra transpõe para os palcos as observações da francesa Virginie Despentes acerca de temas como gênero, ativismo, estereótipos e mudanças comportamentais e políticas, que fizeram de seu livro homônimo, lançado em 2017, um fenômeno de vendas.

Neste espetáculo dirigido por Yara de Novaes, as vivências das atrizes Amanda Lyra, Ivy Souza e Verónica Valenttino se entranharam ao que é dito em cena, criando uma experiência única e totalmente ajustada aos pensamentos e às necessidades das artistas.

Cena da peça Teoria King Kong. Foto Guto Muniz

A responsável pela dramaturgia é Marcia Bechara, que começou o processo de escrita no início de 2023 ao lado de Yara e foi adaptando as cenas a partir do contato direto com as atrizes, algo que levou em torno de seis meses. “Foi um longo processo, a gente escreveu mais de 17 versões do texto final, que foi sendo cortado, readaptado, reaproveitado, à medida em que os ensaios iam acontecendo”, explica a jornalista e escritora, que acompanhou a preparação in loco e por meio de videoconferências, direto da França, onde vive atualmente.

“A gente precisava apropriar esse texto para o contexto brasileiro e para o contexto pessoal. Como o texto da Virginie é narrado em primeira pessoa, a gente notou, em um determinado momento, que era preciso que as atrizes também pudessem falar em primeira pessoa. E foram três vozes essenciais, principalmente no início ali da peça, não no inicinho, mas logo depois”, diz Marcia.

“Eu posso dizer que o coração dessa dramaturgia se constrói na sala de ensaio com as atrizes, impossível fazer de outra maneira. Eu venho dessa turma da dramaturgia contemporânea que acredita muito nisso, na construção da dramaturgia como um trabalho coletivo, um trabalho de hibridação, de transliteração, de tradução, de incorporação desse texto, e isso só se faz com as atrizes, com os atores, dentro do teatro.”

Outra cena da peça Teoria King Kong. Foto Guto Muniz

De forma não realista, Teoria King Kong apresenta de forma irônica e ácida uma série de reflexões para um possível pacto civilizatório. E Marcia, que acompanhou a temporada no Rio de Janeiro, pode observar a reação do público e o impacto da obra sobre os espectadores. “Esse espetáculo conversava com as pessoas que estavam ali. E não eram só mulheres, cis ou trans, mas homens também, cis ou trans, que estavam ali, conversando com a gente, muita gente chorando, muita gente muito emocionada, muita gente rindo”, conta a dramaturga.

“Mas o que eu ouvi pertinentemente, diversas vezes, foi que o pessoal saía muito animado, com vontade de se organizar, de pensar, de falar sobre as coisas. Eu tive a impressão de que é um espetáculo que convoca pra uma certa participação, para uma certa inteligência de participação, inteligência poética, o que me deixa muito feliz”, continua.

Serviço

Teoria King Kong

Sesc Bom Retiro. Alameda Nothmann, 185

Sextas e sábados, 20h. Domingos, 18h. R$ 50

Até domingo, dia 17/12

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Ficha Técnica

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Serviço

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