Ministério da Cultura
apresenta
Dani Moreno, Caio Paduan, Clarissa Kiste e Rafael Primot
em
De Rafael Primot
Direção Alexandre Reinecke
Estreia dia 20 de Setembro no Teatro Jaraguá
Texto teatral inédito escrito por Rafael Primot, dramaturgo premiado (Premio Shell 2009-SP melhor autor, Prêmio Críticos de Arte e CPT), estreia dia 20 de setembro com direção de Alexandre Reinecke.
A peça é uma história de amor com encontros e desencontros típicos do gênero, aliada a uma pesquisa da linguagem teatral contemporânea e com personagens inusitados, que tentam recriar a si mesmos, sempre com muito humor, tanto no texto como nas situações em que se envolvem.
Na montagem, dirigida por Alexandre Reinecke, seis personagens se apresentam (interpretados por quatro atores): CRIS, uma jovem bailarina (Dani Moreno); MAURO, um piloto de corrida charmoso e bem sucedido (Caio Paduan); TINA, uma socióloga recém-formada e manca (Clarissa Kiste) e OMAR (Rafael Primot), um rapaz gorducho, que faz bicos como taxista e que sempre usa luvas de couro e ainda o jovem casal formado por MICHA, uma stripper linda e RAI, namorado de Micha (que são feitos pelos mesmos atores que interpretam Cris e Mauro).
O espetáculo, não linear, começa com a apresentação de Micha e Raí, um casal que vive discutindo e que se ama de uma maneira muito louca e própria. Depois conhecemos a dupla ‘normal’ – Omar e Tina – sem sabermos que são um casal, eles se cruzam e pouco falam quando estão a sós. E então, um outro jovem casal aparece e nos encanta: Cris e Mauro. Eles são lindos, perfeitos, divertidos e educados, parecem feitos um para o outro.
Aos poucos o espectador vai percebendo que na verdade este último casal não existe, Cris e Mauro são os ‘personagens virtuais’ idealizados e criados por Omar e Tina em uma sala de bate-papo, em um chat virtual. E todas as conversas entre eles não passam para o mundo real, tudo é ilusório, cada um criou a imagem que gostaria de ter, a imagem (e personalidade) que gostaria de mostrar ao outro e ao mundo, inspirados no casal real que apareceu no começo do espetáculo: Micha e Rai. Micha é a estagiária de Tina durante o dia e Omar conheceu Raí quando foi assistir aos shows de strip na casa em que ele trabalha. Então ambos se inspiram na aparência do casal, fazem uma foto e criam seus personagens ideais no mundo virtual e só assim o casal consegue voltar a conversar e a se redescobrir.
Tina é uma garota pouco bonita, sem muitos atrativos, ex-bailarina que perdeu seu filho e seu pé direito numa infecção generalizada causada por uma picada de abelha. Ela presta serviços junto à Pastoral da Criança e trabalhou ao lado de Zilda Arns. Omar é só um motorista gorducho, sem muito estudo, que perdeu dois dedos da mão num acidente de carro e, desde então, nunca tira suas luvas de couro Harley Davidson.
Os dois juntos – e com seus 33 dedos restantes somados – tentam se enquadrar num mundo perfeito, idealizado, onde a cobrança estética e a de ser bem sucedido em suas escolhas profissionais e pessoais imperam. Nossos personagens se vêem ‘deformados’ e excluídos, sentindo a necessidade de se recriarem para serem aceitos.
A última cena da peça é o encontro às escuras, um encontro inusitado entre as duas pessoas reais, que passaram a se amar no mundo virtual, mas que agora tem dificuldades em aceitar o outro “real”, mesmo havendo tanto em comum (ou os poucos dedos em comum) entre eles. A deficiência física dos personagens é uma metáfora explícita dessa aparente “anormalidade” que sentimos diversas vezes quando olhamos para nós mesmos e não nos aceitamos imperfeitos. Os personagens então precisam matar seus ‘eus’ virtuais e assim encarar a si mesmos como realmente são – e o fazem ao final.